segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Homem tem tradição de dormir em caixão toda sexta-feira

Um aposentado de 60 anos, morador da cidade de Governador Valadares (MG), dorme religiosamente dentro de um caixão, localizado em um dos cômodos de sua casa, todas as sextas-feiras há 25 anos.
O ritual, segundo Zeli Ferreira Rossi, originou-se em razão de pacto feito entre ele e um amigo.
Pelo trato, quem morresse primeiro ganharia o esquife do sobrevivente. Rossi revelou ter recebido o ´presente´ do amigo por conta de boato sobre a sua própria morte, após um acidente.
´A minha esposa fica sem mim uma vez por semana´, disse Rossi antes de contar a sua história. ´Isso aconteceu há mais de 25 anos. Tive um acidente [foi atropelado por um carro], fiquei mais de três meses internado. Ele [amigo] estava em outra cidade e ficou sabendo que eu tinha morrido, porque houve tanta coincidência que tinha falecido uma pessoa na mesma época com o meu nome. Ele botou na cabeça que era eu´, revelou.
Rossi disse à reportagem que, de imediato, tentou devolver o caixão à empresa responsável pela entrega da ´encomenda´, mas não obteve sucesso.
´Depois de 4 anos, esse amigo retornou a Governador Valadares e foi morto em uma briga de bar. Eu comprei um caixão novo, porque esse que recebi já não era mais novo, e mandei enterrá-lo´, relembrou. Em seguida, o aposentado contou ter passado a dormir no ´paletó de madeira´em razão de promessa feita para a localização do assassino do amigo.
´Com dois anos pegaram o assassino, e eu continuei até hoje [a dormir uma vez por semana no caixão]´, explicou. Rossi, no entanto, disse ser bastante religioso e não faz o ritual para ´aparecer´. Antes de deitar na urna funerária, o homem diz seguir uma rotina. ´Faço as minhas orações obedecendo às leis de Deus. Acredito em Deus sobre todas as coisas do mundo. Depois que deito lá, eu não acordo enquanto o dia não amanhece´, revelou, para completar, ´eu só me lembro de Deus e não penso nada de ruim´.
A mulher de Rossi tem a incumbência de fechar a tampa do caixão, que dispõe de entrada de ar, e acordá-lo religiosamente às 6h do sábado.
´No início ela perguntou por que eu agia daquele jeito. Eu disse a ela que era uma coisa que não poderia explicar, mas ela sabia da promessa e concordou. Nós dois somos uma maravilha, 42 anos de casados e nunca brigamos´, contou Rossi, alegando que a mulher não poderia conversar com a reportagem por ter se ausentado da casa.
O homem disse ter firmado em contrato, assinado pela mulher, o compromisso de ser enterrado no caixão. ´Isso não é desejo, é um documento, um contrato que tenho com a minha esposa. Não quero outro, quero o meu caixão velho´, salientou.
Vizinhos e amigos do neto
Apesar de o homem afirmar que os vizinhos já se acostumaram com a sua estranha predileção, o neto Otávio Martins Rossi, de 14 anos, diz que as opiniões são divididas em relação ao costume do avô. Segundo ele, os amigos de escola ´estranham´ a atitude do aposentado.
´Eles ficam com medo, acham muito estranho. Entre os vizinhos existem alguns que ficam com medo, outros não. Depende do tempo de convivência que eles têm com meu avô´, explicou.
O neto conta que, quando criança, o objeto no interior da residência o assustava muito. ´Quando era criança, eu tinha medo. Mas agora acabei me acostumando. Hoje já é uma coisa mais normal´, disse o estudante, que afirmou ajudar o avô na limpeza do ataúde. 
Fonte: UOL

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